Ideofrenias nonsense

Tuesday, August 09, 2005

Olá

Respondendo o comment da Marina:

O intuito do blog não era falar sobre a minha vida, mas sim compartilhar minhas dúvidas e coisas interessantes que acontecem na vida das pessoas, como uma maluca dentro de um ônibus. Ou coisas que simplesmente irritam a todos, como as pequenas coisas incômodas do dia-a-dia, como o cara do cachorro que passa todo dia com os mesmos cachorros estúpidos, ou até os velhinhos passeando na rua de manhã cedo. Se tem uma coisa que me irrita é quando estou chegando em casa domingo de madrugada e tem uma porrada de velho passeando! Quando eu for velha vou dormir até tarde!

Outro intuito do blog é falar sobre coisas da vida que são irritantes, mas passam a ser indiferentes, como ficar horas no ponto de ônibus esperando a bosta do 569 ou do 584, e outros tantos. Falar sobre as pessoas que passam na rua e reparam em você, nas cantadas toscas, como “Ei! Gostosa! Segura no meu guarda-chuva” – fato verídico, aconteceu comigo - e domingos inúteis com a família, como não tenho tido momentos tão interessantes nem muita criatividade o blog perdeu sua razão... E como tenho uma necessidade de escrever, mesmo que seja só pra escrever merda, acabou sendo um diário contido, com comentários e descrições de amigos.

Só por causa disso não vou contar como foi meu dia hoje, mas vou anexar um texto que fiz há tempos sobre o que é escrever para mim:

É claro que escrever é uma necessidade, é claro, que essa vontade nos domina.
E esse desejo de desabafar o que quer que seja só cessa quando escrevemos, seja o que for, algumas linhas, uma frase, três páginas, depende do tipo de desejo, é tão óbvio, todo mundo que já escreveu alguma coisa na vida sabe isso, quem está escrevendo isso é essa “coisa” dentro de mim, não sou, meu dedos estão sendo controlados por ela.
Essa “coisa” me faz escrever compulsivamente como se eu fosse uma máquina, os pensamentos atropelam os outros, mal termino de escrever o que estou pensando e já vem outra idéia cortando o raciocínio, é bem provável que quando eu for ler isso não fará o menor sentido.
Um clima todo envolve essa atmosfera, existe todo um ritual por trás de escrever, um tipo de música, um cheiro, uma sensação, meu corpo está modificado, meu sangue alterado, minha cabeça pulsa, sinto meu coração bombeando sangue pro meu corpo. Escuto as pessoas falando coisas, coisas sem sentido, fúteis, tão banais perto do que estou pensando, escrever é uma prioridade agora, depois de tudo hei de me sentir melhor, uma espécie de alívio. Olhar uma página escrita me dá uma sensação tão maravilhosa, tão reconfortante, satisfatória, me sinto feliz. Uma página em branco é quase um insulto, gera agonia, ouço um zumbido nos meus ouvidos ensurdecedor. Algo que me irrita é repetir as palavras por não conseguir achar a palavra certa.
Por que as pessoas são tão egocêntricas? Só pensam nos próprios umbigos? Sei que sou egocêntrica, mas ao invés de ficar falando de mim, como uma babaca, com uma platéia maravilhada com as minhas peripécias, escrevo, sei que ninguém vai ler mesmo, e se ler tá escrito aqui que eu sou egocêntrica mesmo, é algo consciente, estou admitindo, estou aqui falando do meu egocentrismo enquanto podia estar fazendo qualquer outra coisa, mas isso é necessário, é satisfatório, sinto que se não escrever esse pensamento, que não chega a ser um raciocínio constante até o final não vou dormir, não vou relaxar.
Prefiro ficar sozinha olhando pro teto que ter que compartilhar conversas banais imbecis, estúpidas de como foi o meu dia com as pessoas, às vezes pessoas que se importam comigo e vice-versa, mas elas não me parecem interessadas ou certas pra discutir isso, é algo tão íntimo, que me parece tão particular, só meu, tão irrepartível que prefiro apenas registrá-los, talvez para compartilhar comigo mesma daqui a alguns anos. Quando estou sob algum efeito, quando não estou normal, me sinto mais aberta para isso, minha inspiração se manifesta mais rapidamente, tão desinibida, ela se solta do meu corpo e domina todos os meus movimentos. Não consigo me controlar, não tenho reflexos, nem olho para a tela, sei que não faz sentido, é apenas um delírio, tudo gira, tudo gira na roda gigante, as cadeiras giram, trocam de lugar, assim como os pensamentos, é como brincar de dança das cadeiras, trocando de lugar, saindo, perdendo, ficando, ganhando.
Assim como aparecem, tão subitamente, elas somem, vão embora, e tudo fica fora de foco, a vida perde o sentido, a escrita que muitas vezes já não faz sentido perde totalmente o seu significado, deixando a psicodelia incompreensível, tudo embaçado sem sentido, nonsense....
Tudo volta à rotina, a mesma ladainha de sempre, as mesmas palavras, os mesmos sentimentos, pressentimentos, babaquices, burrices, as mesmas texturas, as mesmas cores, nada mais é revolucionário, nada muda nada, nem tudo se modifica, é tudo tão igual, tão diferente, tão assim, estúpido, quero que as coisas mudem, sem mudar tudo, uma mudança sem mudanças, questões sem dúvidas, questões resolvidas, receios sem medos, pessoas sem aquilo, aquilo que me irrita nas pessoas, aquilo que nem eu sei o que é... Não sei o que esperar das pessoas, quanto mais me acostumo, quanto mais convivo, mais percebo coisas em comum, mais coisas me incomodam, me fazem sentir mal, me dão náuseas as manias das pessoas, por isso sou egocêntrica, não posso mudar, quero que os outros mudem pra mim.
Mudanças me atraem e me assustam ao mesmo tempo.
As emoções que a vida já não me proporciona mais são obtidas através de viagens, ondas, músicas, o hábito me transformou numa pessoa não emotiva. Sinto-me um animal, me sinto um vegetal, um legume, impenetrável, uma concha com uma pérola dentro só minha, realmente não quero partilhar, pra que isso?
Sei que é doentio, mas é o que sinto, e daí? Não sinto coisas facilmente, preciso de um estímulo, a rotina me deprime, me sinto tão mal vendo as mesmas coisas, as mesmas pessoas, ouvir as mesmas estórias é a pior parte, isso me faz sentir no caos, dentro de um hospício, onde todos os dias os malucos falam as mesmas merdas, tomam os mesmos remedinhos imbecis, e ficam babando, me sinto uma retardada perto de mongolóides.
Aqueles delírios que as pessoas, ficam se sacudindo pra frente e pra trás, numa agonia, o tempo não passa, as horas parecem dias, os dias anos, os segundos eternidades. A vida se arrasta, e pra mim que agora tenho apenas 15 aninhos me imagino com 30, 40 anos, olhando para as mesmas pessoas querendo que elas morram, querendo morar na lua, querendo o delírio constante. Querendo que o tempo passe, que as coisas aconteçam, não agüento mais esperar.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

posso ter deixado passar mas, tudo que li aqui era sobre a sua vida.
não estou criticando, mas achei que você não fosse tão egocentrica

11:47 AM PDT  
Anonymous Anonymous said...

Po, quando você tiver no ponto esperando o 84 ou o 69 vo passar e dar uma buzinadinha hehe...

Ah sim... gostei do texto... =8)

(Tenho que manter a prática de só comentar as inutilidades hehe)

Beijos!

P.s.: Escreve menos... tá dificil acompanhar... tenho 140 páginas de filosofia e sociologia pra ler... isso porque é 1ª semana de aula...

7:45 PM PDT  
Anonymous Anonymous said...

Sinceramente, todos tem um monstro egocêntrico dentro de si.
A diferença é que ela soltou o dela.

Marina-Para pra pensar se vc também não é um pouco egocêntrica. Parou? Aí está o grande erro

2:19 PM PDT  

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