Ideofrenias nonsense

Monday, June 23, 2008

Sobre divagações

Sentei no balcão e pedi um chope. O Barman me olhou como se eu fosse um E.T no meio da multidão. Ali estava eu, a única mulher do bar, aparentemente sozinha e pronta para encher a cara.
Enquanto acendia um cigarro e tomava um gole passei os olhos pelas figuras que me cercavam e tive vontade de mandar todos aqueles velhos tarados babões que me olhavam tomarem no cu.
Mas ao invés disso continuei sentada observando as verrugas do barman que andava de um lado pro outro com aquele paninho cagado apoiado no ombro esquerdo. Limpava o balcão, secava os copos e assoava o nariz naquela merda. Fiquei imaginando se alguma vez aquele paninho já tinha sido lavado ou se era usado pra limpar o banheiro vomitado.
Alguns copos depois e divagações sobre o paninho passadas chega um velho com cheiro de mijo e senta do meu lado, finjo que não vejo e olho pra televisão que passa um jogo que já não sei mais identificar o esporte ou distinguir os times. O velho pede um copo de pinga barata e começa a puxar papo com o cara das verrugas.
Percebi que era só uma questão de tempo até ele começar a me encher e resolvi sentar numa das mesas no fundo. Sentei e fiquei lá, olhando aquele bar imundo, imaginando as baratas que passavam por ali e riam de nós enquanto nos distraímos ouvindo piadinhas pretensiosas que contávamos enquanto esbanjávamos nossa popularidade..
Lá pelo sétimos chope e segundo maço de cigarros, me sentindo abandonada e cercada de homens decadentes entra um moreno, alto, bem vestido pela porta do bar que me olha de relance. Assim como eu parecia ter entrado no primeiro bar que vira pra esquecer a semana estressante no trabalho.
Entrou e sentou do lado do velho mijão que já apalpava uma gorda que chegara cambaleando. Pediu um uísque, caubói. Olhou pra mim e brindou. Contribui levantando meu copo, que por sinal já estava vazio outra vez. Ele levantou e se sentou na minha mesa. Olhei pra seus olhos verdes e sorri. Pediu mais um chope pra mim e disse que gostava dos meus óculos.
Me pediu um cigarro e afroxou a gravata. Pegou uma caneta no bolso, um guardanapo e começou a rabiscar. Virou o papel pra mim e li “vamos tomar um vinho lá em casa?”. Olhei praquele homem que me aparecera tão repentinamente e pensei “que se foda”. “Vamos”.
Chegando à casa dele, tomamos o vinho e trepamos loucamente a noite inteira. De manhã, acordei, me vesti e escrevi um bilhete. “Tchau”

Tuesday, June 03, 2008

Sobre obsessões infantis

Toda criança tem um brinquedo em potencial para se tornar objeto imprescindível no dia-dia ou mesmo qualquer coisa que mereça juntar seus trocados, economizar durante dias, semanas, ou até meses, para ser comprada.
Essas coisas que perturbam mentes de criancinhas inocentes podem ser chamadas de objetos de desejo ou sonhos de consumo.
Conforme a criança cresce esses objetos aumentam normalmente de preço e importância. Outro dia vi, por exemplo, no meu diário da quarta série aproximadamente, um episódio que economizei por uma semana no meu lanche da escola, que consistia em um biscoito fofy(lembram?) e um guaraplus, para comprar óculos do flamengo.
Esses óculos eram daquele tipo com bolinhas que ocultam a parte de dentro (tipo aqueles adesivos de propaganda atrás do táxi) com uma bandeira de cada lado. Enfim, deu pra ter uma idéia da desgraça. Como um troço tão tosco desses pode fazer uma criança economizar no lanche da escola?
E para estar gravado no meu diário deve ter sido uma coisa que me afetou na época, eu não podia ir sozinha na banca de jornal (??) pra comprá-los.
Sei que dois dias depois perdi os óculos e me encantei com qualquer outra merda que merecesse minhas moedas de cinco centavos.
Há pouco tempo comprei um par de patins, fico pensando se essa não foi mais uma obsessão que persistiu nos resquícios da minha infância.
É chato admitir, mas acredito que sim, mas espero que essa obsessão dure mais um pouco, pois afinal, foi minha última infantil e me custou uma grana!
Que a próxima seja meu carrinho! x)